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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Fundão-paisagem e costumes



   “Trata-se dum Almanach da Beira — um livro que, segundo julgo, vai naturalmente falar do Fundão e seus arrabaldes, da sua história, das suas lendas, das suas paisagens sugestivas, cujo verde tom nos embriaga os olhos e sentimentaliza a alma. Trata-se de debuxar nas páginas dum livro o panorama, meio agres­te, meio bucólico, deste opulento vale da Beira-Baixa, com os seus soitos de castanheiros a desenrolarem em tapete d’Arraiolos por essa Gardunha abaixo. Trata-se também, mais praticamente, de anotar o movimento comercial, agrícola e industrial, deste pequenino centro de população portuguesa, que trabalha honrada­mente e que, embora com censurável lentidão, progride ainda assim. E a mim, que sou um filho adotivo desta terra, falarem-me do Fundão é falarem-me d'um pedaço da minha alma, pois tenho por ele um afeto carinhoso, um verdadeiro afeto de filho verdadeiro. Quando d’antes, nos bancos da escola, à simples inspeção do nosso mapa topográfico, os meus olhos se poisavam indiferentes sobre os sinais gráficos deste país da Beira-Baixa. Eu via-o apertado entre altís­simas serras, e fazia d’ele, ao fundo das montanhas, a ideia d'uma espécie de Boca do Inferno, onde haveria uma porta larga, caverna ou gruta misteriosa e sem fim, que iria dar ao país de Pero Botelho… O vale do Fundão tinha, para a minha pobre imaginação de menino d’escola, um aspecto tragicamente agreste, com serros e árvores colossais, cujos braços gigantes seriam bem di­gnos de ser gravados às mãos artísticas de Gustave Doré na grande obra de Dante… Depois, não sei como, chegaram aos meus ouvidos ecos de lendas mortas, onde faiscavam ardentes lâminas de punhais assassinos, e onde os homens e os corações, pela crueza dos seus sentimentos, compartilhavam do aspeto selvagem das serranias que lhe talhavam o horizonte. Era a Cova da Beira — cova sombria, sáfara, cres­pa d’espinheiros bravos, sem uma esmola de sol nem de luar que lhe desse riqueza às coutadas e poesia às arribanas dos pastores… Mais tarde, com a história do tempo dos franceses e as guerrilhadas da patuleia, a minha pobre cabeça encheu-se de tragédias militares, com arcabuzes a desfecharem-se à queima-roupa nas encruzilhadas, e cadáveres estendidos nas quelhas húmidas… E de tudo isso lá de­via haver, n’esse Fundão de traz-serra (como eu dizia da minha aldeia, à beira-mar) n’esse vale agreste, por onde Viriato andou à pedrada aos romanos... (…).
Mas lá veio um dia em que, aos baldões da fortuna, fui poisar n’essa linda terra, como uma ave d’arribação que vai em cata do seu país de sol. O coito das lendas sombrias e das tragédias políticas, esse Fundão negro que me entrara na alma de braço da­do (…), transmudou-se rápido, aos meus olhos de simples forasteiro, n’um doce cantinho de ter­ra, farto e abençoado, onde cada pomar é um jardim e onde os jardins cobrem toda a terra.
Vistas de perto, ao sol dos dias d’hoje, as verdes pai­sagens d’estes lugares tem sobre mim o poder irresistível d’um encanto que me enfeitiça. Oiço às tardes dos domingos, por essas fazendas e quebradas dos montes, o tanger magoado do adufe, evo­cando coros moiriscos; oiço a flauta dos pastores a cho­rarem bucólicas serranilhas. E d’esses cantares, cuja mo­notonia se casa tão intimamente com o aspecto grandio­so das montanhas que orlam o vale do Fundão, andam folhas despegadas pelo ar a enfeitiçarem o ganhão que vai guiando os bois, o lavrador que anda às voltas com a sua jeira, o lagareiro no seu lagar húmido... A música das romarias espalha-se como uma poeira cálida sobre todos os corações; e, quando os ranchos passam, engrinaldados poeticamente, com os seus fatos domingueiros, a estrada é uma longa fita d’arraial em festa, sobre cujas árvores a passarada chilreia e dança também de ramo em ramo. (…)
Porque somos nós, os portugueses, quem menos co­nhece a beleza regional do seu país; porque somos nós, os portugueses, quem talvez mais vote ao desprezo as coisas da sua casa. Diz a lenda que, ao tempo dos nossos primeiros reis conquistadores, quando a moirama ia em debandada pa­ra as suas terras, os moiros, com os olhos tristes poi­sados nas ameias dos castelos donde eram esbulhadas à ponta de lança, iam dizendo:
— Aí vos deixamos pedras doiro para nos apedre­jardes. Ah! Mas não nos lapideis; guardai-as antes! E a lenda passou como todas as lendas; e esse clamor dos vencidos não foi ainda compreendido de todo no dobar dos tempos.
Quem encontrará a primeira pedra?
  Adolfo Portela
  Setúbal, 1899

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O nascimento dos Caminheiros


Em 1976, um grupo de jovens, entre eles o Roxo Vaz, o Valdemar Marques, o Quim Zé e o João Roxo iniciaram um estilo de vida saudável – caminhar pela Gardunha, num espaço livre, arejado e de belezas inigualáveis.
O grupo foi crescendo, e partir de 1997, começaram a ter o seu “Plano de Caminhadas” diversificado, e 15 anos depois evidenciam-se como um grupo organizado de interesse pela natureza e reconhecido a nível local e nacional.
Caminhar depende apenas da condição física. O que é preciso é “ter pernas para andar”…
Caminhar ensina a ter uma vida saudável, equilibrada e de bem-estar.
É uma atividade gratuita e ao alcance de todos:
1º Passo: comece;
2º Passo: desfrute os passos dados e as belezas naturais;
3º Passo: recomeçe e torne a caminhada uma prática habitual!
Nesta página, pode ler também pequenos aspetos relacionados com as caminhadas, como objetivos, cuidados a ter, processo de inscrições, rotas e Plano Anual de Caminhadas.
Boa caminhada!